No dia 24 de março de 2017, a turma de Técnicas Retrospectivas do curso de Arquitetura e Urbanismo da ULBRA Torres realizou viagem de estudos ao Centro Histórico de Porto Alegre. Organizada pelo Prof. Enilton Braga, responsável pela disciplina, a viagem teve como tema o estudo de intervenções em prédios históricos, alvo do exercício projetual a ser realizado pelos estudantes, bem como as técnicas de conservação e restauro em patrimônio arquitetônico. O grupo contou também com alguns estudantes de Patrimônio Cultural, disciplina teórica que serve de embasamento às intervenções projetuais desta natureza.
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A primeira obra visitada foi o Centro Histórico-Cultural da Santa Casa. Inaugurado em 2014, o projeto revitaliza oito casas localizadas na Av. Independência, perfazendo um centro cultural com mais de 3.700m². O complexo abriga um teatro para 284 lugares e um museu com acervo de cinco mil objetos, que reúne peças dos séculos XIX e XX, incluindo desde instrumentos médicos, utensílios farmacêuticos e uniformes até móveis, relógios e imagens sacras. Além disso, conta com arquivo histórico cujo importante acervo reúne arquivos dos 210 anos de existência da Santa Casa. De valor histórico incalculável, o acervo arquivístico inclui registros de internações e prontuários médicos desde 1843, registros de óbitos de escravos e de pessoas livres, de pacientes oriundos da Revolução Farroupilha e da Guerra do Paraguai, entre outros.
Em seguida, a turma visitou as instalações do Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (MARGS), onde foi cordialmente recebida por Carla Batista, Técnica em Assuntos Culturais do Núcleo Educativo do Museu, graduada em História e mestre em Educação. Em sua fala inicial, Carla discorreu sobre a história do museu e abordou importantes temas relativos ao programa de necessidades de um espaço cultural que mantenha um acervo artístico. A historiadora frisou a importância da preservação das obras quanto à incidência solar, além da necessidade constante de condicionamento atmosférico nos ambientes onde estas obras são expostas e armazenadas, para que sejam mantidos os rigorosos padrões museográficos internacionais. Ainda sobre o programa de necessidades, ressaltou a relevância de boas instalações para funcionários, como vestiário e copa para as equipes de limpeza e vigilância, além de um completo hall que gerencie bem o acesso ao prédio, contendo armários para que alunos de eventuais turmas do ensino fundamental e médio guardem suas mochilas. Frisou, ainda, as dimensões das portas para a passagem de obras como estátuas e grandes pinturas e a importância de uma doca para caminhões. Após a conversa, a turma fez uma visita guiada pelas instalações do MARGS, conhecendo espaços restritos ao público, como salas de arquivos, laboratórios de restauro e o cofre, que abriga as mais de quatro mil obras do acervo do museu.
Após a visita ao MARGS, os alunos de Arquitetura e Urbanismo tiveram a oportunidade de visitar outros dois prédios históricos que foram convertidos em instituições direcionadas à cultura: o Memorial do Rio Grande do Sul e o Santander Cultural. Após visitar o conjunto edificado composto pelos três prédios projetados pelo importante arquiteto alemão Theo Wiederspahn, o grupo aproveitou o belo dia para percorrer a histórica Praça da Alfândega, alvo de recente intervenção paisagística. De lá, dirigiram-se, a pé, à Casa de Cultura Mario Quintana, hotel também projetado originalmente pelo arquiteto alemão, e convertido em centro cultural com projeto de intervenção e restauro da década de 90.
Seguindo a caminhada pelas ruas do Centro Histórico, o grupo chegou à Igreja Nossa Senhora das Dores, para mais uma excelente visita guiada. Os alunos foram recebidos pelo arquiteto e urbanista responsável pelas obras de restauro, Lucas Volpatto e puderam percorrer espaços restritos ao visitante comum. Volpatto explicou as diversas fases de construção da igreja, o que justifica a diversidade de estilos arquitetônicos expressos nas fachadas. O arquiteto explicou em detalhes as técnicas de restauro empregadas em diversos pontos do interior da igreja, propondo o debate sobre conceitos como “falso histórico” ao questionar os alunos se aquele tipo de intervenção seria correto ou não.
Ainda na Igreja das Dores, os alunos da ULBRA Torres tiveram o privilégio de conhecer, em primeira mão, o retábulo restaurado, estrutura da parte posterior do altar, que só seria inaugurado dois dias depois, por ocasião do aniversário da cidade de Porto Alegre. O altar, com entalhes de madeira dourado, tinha sido removido em 1968, na transição de uma ordem religiosa para outra, e ficou guardado por décadas no forro da igreja, sendo redescoberto apenas no início dos anos 2000, durante a última restauração.
Para coroar a viagem de estudos, os estudantes foram convidados por Volpatto a subir na centenária torre leste da igreja, acessando seu último nível. Do alto da torre, puderam contemplar a magnífica vista panorâmica de Porto Alegre, abarcando parte do centro histórico e também as águas do Guaíba, cartão postal da cidade.
A viagem de estudos ao Centro Histórico de Porto Alegre confirmou, mais uma vez, a importância da vivência in loco para os estudantes de Arquitetura e Urbanismo, obtida através das visitas guiadas. Apesar da curta duração, a viagem permitiu aos estudantes a aproximação com objetos arquitetônicos alvo de intervenções projetuais que valorizam, de fato, o patrimônio cultural do nosso estado.
Como lição, ficam a ampliação do conhecimento e a oportunidade de fruição da arquitetura para além dos livros e revistas. A Coordenação do curso agradece aos técnicos responsáveis pelas visitas guiadas, por acolherem o grupo de forma tão receptiva e, especialmente, ao Prof. Enilton Braga, pela iniciativa de organizar a viagem e pela disponibilidade em acompanhar os estudantes numa excelente atividade fora da sala de aula. Desejamos que a experiência sirva para sensibilização dos estudantes acerca da necessidade de valorizar o patrimônio cultural do Litoral Norte do RS, que vem sistematicamente sofrendo com a falta de uma cultura de preservação e requalificação.
Como lição, ficam a ampliação do conhecimento e a oportunidade de fruição da arquitetura para além dos livros e revistas. A Coordenação do curso agradece aos técnicos responsáveis pelas visitas guiadas, por acolherem o grupo de forma tão receptiva e, especialmente, ao Prof. Enilton Braga, pela iniciativa de organizar a viagem e pela disponibilidade em acompanhar os estudantes numa excelente atividade fora da sala de aula. Desejamos que a experiência sirva para sensibilização dos estudantes acerca da necessidade de valorizar o patrimônio cultural do Litoral Norte do RS, que vem sistematicamente sofrendo com a falta de uma cultura de preservação e requalificação.