29 novembro 2018

VIAGEM DE ESTUDOS 2018/2 – SÃO PAULO

Neste semestre de 2018/2, em sua tradicional viagem de estudos, o Curso de Arquitetura e Urbanismo da ULBRA Torres visitou a cidade de São Paulo. Nas viagens de estudos, formatadas como cursos de extensão, os acadêmicos aprendem sobre os aspectos históricos, urbanísticos e arquitetônicos da cidade visitada. Com a realização de aula preparatória antes da partida, os conteúdos abordados são, ao longo da viagem, experienciados in loco, gerando a oportunidade de vivenciar a rotina e cultura da cidade ao mesmo tempo em que se aprende sobre ela.
São Paulo foi fundada por Jesuítas em 1554, logo se convertendo em importante centro comercial e econômico, na medida em que o interior do Brasil foi sendo conquistado, tornando-se, hoje, uma das maiores e mais importantes cidades do mundo. São Paulo abriga, naturalmente, grande e expressiva produção arquitetônica com representativos exemplares de diversas épocas, como arquitetura colonial, trazida pelos Jesuítas, arquitetura vernacular local, representada pelas casas dos bandeirantes, grande produção eclética do final do século XIX e início do século XX e especial destaque para a arquitetura moderna e para a atual produção dos escritórios paulistas.
O grupo de 27 alunos, acompanhados dos professores Breno Clezar Júnior, Efreu Quintana, Marcos Bueno, Renata Matos e da coordenadora Thaís Menna Barreto, permaneceu em solo paulistano entre 16 e 20 de outubro, e percorreu um roteiro que contemplou diversos exemplares da arquitetura paulista, fundamentais para a formação de qualquer estudante de arquitetura no Brasil.
Logo na chegada, na manhã de terça-feira, dia 16 de outubro, o grupo iniciou sua jornada pela capital paulista na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). O edifício, projetado por Vilanova Artigas em 1961, é um marco arquitetônico da chamada escola paulista. Com seu grande átrio central e ateliês abertos, o prédio sintetiza o pensamento de Artigas sobre o próprio ensino da arquitetura. Ainda na USP, visitou-se a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, dos arquitetos Rodrigo Mindlin Loeb e Eduardo de Almeida. Inaugurada em 2013 para guardar o acervo do casal Guita e José Mindlin, a biblioteca é um interessante exemplar de arquitetura contemporânea.


Da Universidade, o grupo dirigiu-se à Casa do Bandeirante, um exemplar original do período do século XVII, e pôde, em seguida, conhecer a casa no Butantã, residência do Arquiteto Paulo Mendes da Rocha.


Na tarde do primeiro dia, o principal destino foi o MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, projeto icônico da Arquiteta Lina Bo Bardi, marco arquitetônico da Avenida Paulista. Uma caminhada por esta avenida levou o grupo até o Instituto Moreira Salles, projeto concluído em 2017, de autoria do renomado escritório Andrade Morettin Arquitetos.


À noite, a atividade foi na Universidade Mackenzie, onde a ULBRA Torres foi recebida para uma aula ministrada pelo Arquiteto e Urbanista Valter Caldana, que palestrou sobre a vida e os sistemas urbanos nas Megalópoles.
O segundo dia teve início no Edifício Copan, famoso condomínio residencial projetado por Oscar Niemeyer em 1954 e concluído em 1966, que abriga 1.160 apartamentos em seus 32 andares de planta sinuosa. Do alto do terraço descortina-se a vista panorâmica do centro da cidade.


A parada seguinte foi na Pinacoteca do Estado, antigo edifício do Liceu de Artes e Ofícios, construído no final do século XIX, pelo Arquiteto Ramos de Azevedo, e transformado em museu em 1989 pela equipe de Arquitetos liderada por Paulo Mendes da Rocha, junto com Eduardo Coloneli e Welinton Torres. Em frente à Pinacoteca situa-se a Estação da Luz, obra do final do século XIX, período da industrialização de São Paulo, que combina o edifício principal, eclético, de autoria de Charles Henry Driver, com uma grande cobertura de estrutura metálica, importada da Inglaterra, que cobre as plataformas de embarque.

Do centro para os jardins: a Galeria Luciana Brito funciona numa casa modernista, de 1957 projetada pelo Arquiteto Rino Levi. Lá, o grupo pôde experienciar, além das exposições artísticas, a espacialidade desta icônica casa-pátio. No Jardim Europa, em um terreno marcado por uma esquina em ângulo agudo e em desnível, Paulo Mendes da Rocha realiza, em 1989 o MuBe, Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia. No edifício, que se adapta à topografia conformando uma praça pública em sua cobertura, destaca-se a grande marquise, que vence um vão de 64 metros entre seus dois apoios, distinguível à distância. Sua materialidade em concreto aparente garante grande representatividade na arquitetura brutalista da chamada Escola Paulista.



A programação, à noite, foi a visita à Exposição Ocupação Paulo Mendes de Rocha, uma mostra de trabalhos do Arquiteto relacionados à temática da água, no Itaú Cultural, na Avenida Paulista. O grupo, dali, direcionou-se à Casa das Rosas, exemplar da arquitetura dos casarões em estilo eclético que compunham a paisagem da Avenida Paulista no início do século XX. Nesta casa, especificamente, viveu a família de Ramos de Azevedo. É, hoje, um espaço cultural dedicado à literatura e à memória de Haroldo de Campos. Foi possível, ainda, conhecer a Japan House, um centro de divulgação da cultura japonesa que funciona em um edifício adaptado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, em parceria com o escritório paulista FGMF.


A manhã de quinta-feira foi marcada pelas visitas a duas casas modernistas no bairro do Morumbi: primeiro, a Casa do Engenheiro Oscar Americano e, depois, a Casa de Vidro. A primeira, hoje aberta ao público como Fundação Maria Luísa e Oscar Americano, é projeto do Arquiteto Oswaldo Arthur Bratke, datado de 1953. A segunda, projeto de Lina Bo Bardi, era a residência da Arquiteta com seu marido Pietro Maria Bardi, e é, desde então, uma referência fundamental na história da arquitetura doméstica moderna brasileira.
O grupo fez, à tarde, um pequeno percurso a pé pelo centro da cidade e foi recebido no Theatro Municipal, obra de Ramos de Azevedo claramente inspirada na Ópera de Paris, de Charles Garnier. Depois da visita guiada pelo teatro, o grupo dirigiu-se ao novo SESC da rua 24 de Maio. Projeto recente e premiado em que o Arquiteto Paulo Mendes da Rocha, junto com o escritório MMBB, converteu o antigo prédio da loja de departamentos Mesbla em uma sede SESC. Com a abertura do térreo compondo uma praça e com o vazio central ocupado por quadras e salas maiores, o prédio conta, ainda, com uma piscina no terraço. Todos os espaços são interligados por uma circulação vertical configurada por rampas.



As visitas do dia terminaram no Parque Ibirapuera, local que contém um expressivo conjunto de pavilhões interligados por uma extensa e sinuosa marquise, projetos de Oscar Niemeyer, em 1954, para o quadricentenário da cidade. No parque, visitou-se o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, onde estava ocorrendo a exposição da 33ª Bienal de Arte de São Paulo.

O último dia começou com uma visita ao Conjunto Nacional, o primeiro grande edifício da Avenida Paulista, um complexo multifuncional em que se percebem as típicas linhas da escola carioca de arquitetura, projeto de 1952 do Arquiteto David Libeskind. 

No final da manhã, alunos e professores, foram brindados com uma recepção no Studio MK27, escritório do renomado arquiteto Marcio Kogan. O grupo foi recepcionado pelo Arquiteto-sócio do escritório, Carlos Costa, que explicou o sistema de trabalho, expôs alguns projetos e mostrou a sede. Ao final da visita, foi possível um encontro com Marcio Kogan, que generosamente mostrou seu espaço de trabalho e falou, brevemente, sobre seu processo de criação.


Saindo do Studio MK27, o grupo fez uma caminhada passando por exemplares modernos e contemporâneos, como o Edifício Guaimbê, de Paulo Mendes da Rocha, a Livraria da Vila e a Loja da Havaianas na Rua Oscar Freire, do arquiteto Isay Weinfeld, até chegar na loja Micasa, projeto do Studio MK27, que havia sido apresentado na visita ao escritório, momentos antes.


Como gran finale, a tarde de sexta-feira reservou uma visita guiada a todo o complexo do SESC Pompeia, uma das maiores obras da Arquiteta Lina Bo Bardi. A conversão de uma antiga fábrica de tambores em um centro cultural e esportivo, com o restauro dos pavilhões industriais para programas culturais, e a construção do anexo brutalista em concreto aparente, onde estão as quadras esportivas, garantem a este edifício destaque internacional.

Um passeio e jantar de confraternização na Vila Madalena coroaram o belo encerramento de mais uma proveitosa e produtiva viagem de estudos.
O Curso de Arquitetura e Urbanismo agradece aos professores que participaram e organizaram o curso viagem de estudos a São Paulo, agradece ao professor Enilton Braga, que agendou a visita ao Studio MK27, e a todas as pessoas e instituições que tão bem receberam a comitiva da ULBRA Torres na cidade de São Paulo. Agradece, especialmente, aos alunos muito interessados e ótimos companheiros de viagem, e reforça a importância das viagens de estudo como complemento necessário à formação dos jovens arquitetos e urbanistas, que podem vivenciar in locoos conteúdos de aula. São iniciativas como esta que contribuem para fazer deste um curso de excelência, avaliado entre os melhores do país.