28 junho 2018

DECLARAÇÃO DE LA SARRAZ COMPLETA 90 NO DIA 28 DE JUNHO DE 2018

A Declaração de La Sarraz foi redigida em 28 de junho de 1928 na ocasião do CIAM I, na Suíça, por um grupo de 28 arquitetos, organizados por Le Corbusier, Hélène de Mandrot, proprietária do château e Sigfried Giedion, o primeiro secretário-geral. Por ocasião dos 90 anos da declaração, o blog reproduz o texto integral, traduzido pelo professor do curso de Arquitetura e Urbanismo ULBRA Torres Arq. Me. Enilton Braga.

Os participantes do CIAM I, em La Sarraz, Suíça, 1928.


DECLARAÇÃO DE LA SARRAZ

Os arquitetos abaixo assinados, representando os grupos nacionais de arquitetos modernos, afirmam a sua unidade de ponto de vista sobre as concepções fundamentais da arquitetura e as suas obrigações profissionais para com a sociedade.
Eles insistem particularmente no fato de que “construir” é uma atividade elementar do homem intimamente ligada à evolução e ao desenvolvimento da vida humana. O destino da arquitetura é expressar a orientação da época. Obras de arquitetura só podem surgir a partir do tempo presente.
Recusam-se categoricamente, portanto, a aplicar em seus métodos de trabalho os meios que capazes de ilustrar as sociedades do passado; eles afirmam hoje a necessidade de uma nova concepção de arquitetura que satisfaça as demandas espirituais, intelectuais e materiais da vida atual. Conscientes das profundas perturbações da estrutura social provocadas pelas máquinas, reconhecem que a transformação da ordem econômica e da vida social inevitavelmente traz consigo uma transformação correspondente do fenômeno arquitetônico.
A intenção que os une aqui é alcançar a indispensável e urgente harmonização dos elementos envolvidos, substituindo a arquitetura em seu verdadeiro plano, o plano econômico e o sociológico. A arquitetura, assim, deve ser libertada do domínio esterilizante das academias conservadoras das fórmulas do passado.
Impulsionados por essa convicção, eles se declaram membros de uma associação e dar-se-ão mútuo apoio a nível internacional a fim de alcançar suas aspirações, moral e materialmente.

I. Economia Geral
1. A noção da arquitetura moderna envolve a conexão entre o fenômeno da arquitetura com o do sistema econômico geral.
2. A noção de “rendimento” não implica produção que ofereça o máximo lucro comercial, mas uma produção que exige um mínimo esforço de trabalho.
3. A necessidade do rendimento mais eficiente é a inevitável consequência do empobrecido regime da economia geral.
4. A produção mais eficiente decorre da racionalização e padronização. A racionalização e a padronização têm um impacto direto nos métodos de trabalho, tanto na arquitetura moderna (projeto) quanto na indústria da construção (execução).
5. Racionalização e padronização reagem de três maneiras:
(a) exigem do arquiteto projetos que levem à simplificação dos métodos de trabalho no local e na fábrica;
(b) significam para empresas de construção a redução de necessidade de mão-de-obra especializada; elas levam ao emprego de mão-de-obra menos especializada trabalhando sob a direção de técnicos altamente especializados;
(c) eles esperam do cliente (ou seja, aquele que comanda a casa ou que nela habita) uma revisão de suas exigências no sentido de um reajuste às novas condições da vida social. Tal revisão será manifestada na redução de certas necessidades individuais, daqui por diante desprovidas de razões reais, e o benefício dessa redução favorecerá a satisfação, tanto quanto possível, das necessidades da maioria, atualmente restritas.
6. O colapso da classe dos artesãos como resultado da dissolução de guildas é um fato consumado. A consequência inescapável do desenvolvimento da máquina levou a métodos industriais de produção diferentes e muitas vezes opostos aos do artesanato. Até recentemente, graças ao ensino das academias, o projeto arquitetônico foi inspirado principalmente pelos métodos dos artesãos e não por novos métodos industriais. Essa contradição explica a profunda desorganização da arte de construir.
7. É urgente que a arquitetura, abandonando as concepções antiquadas ligadas à classe dos artesãos, seja baseada nas realidades atuais da tecnologia industrial, mesmo que tal atitude deva levar a realizações fundamentalmente diferentes daquelas de eras passadas.

II. Urbanismo
1. O urbanismo é a organização das funções da vida coletiva; estende-se tanto a aglomerações urbanas quanto ao campo. O urbanismo é a organização da vida em todos os países. A urbanização não pode ser condicionada pelas pretensões de um esteticismo pré-existente: sua essência é de ordem funcional.
2. Esta ordem inclui três funções:
(a) habitar;
(b) produzir;
(c) relaxar (manutenção da espécie).
Seus objetivos essenciais são:
(a) divisão do solo;
(b) organização do tráfego;
(c) legislação.
3. As relações entre áreas de habitação, áreas plantadas (incluindo esportes) e áreas de tráfego são ditadas pelo ambiente econômico e social. A fixação de densidades populacionais estabelece a classificação indispensável.
A caótica divisão do solo, resultante de vendas, especulação e heranças, deve ser abolida por uma economia agrária coletiva e metódica.
A reforma agrária, a base preliminar indispensável de qualquer planejamento urbano, deve envolver a distribuição equitativa entre os proprietários e a comunidade dos benefícios de maior valor resultante dos trabalhos de interesse comum
4. A regulação do tráfego deve abranger todas as funções da vida coletiva. A crescente intensidade dessas funções vitais, sempre conferidas pela leitura de estatísticas, demonstra a importância do fenômeno da circulação.
5. Os atuais meios técnicos que estão em constante crescimento são a chave do planejamento urbano. Eles implicam e propõem uma transformação total da legislação existente; esta transformação deve ocorrer paralelamente ao progresso técnico.

III. Arquitetura e a opinião pública
1. Hoje é essencial que os arquitetos influenciem a opinião pública, tornando-os cientes dos fundamentos da nova arquitetura. A opinião dos efeitos deletérios do ensino acadêmico perde-se em uma concepção errônea de habitação. Os verdadeiros problemas da habitação foram reprimidos por pretensões sentimentais totalmente artificiais. O problema da casa não é colocado.
Clientes cujos requisitos são motivados por inúmeros fatores não relacionados ao real problema da habitação, são geralmente muito ruins em formular seus desejos. Opinião é perdida. Assim, o arquiteto não satisfaz as condições normais da habitação. Esta ineficiência envolve o país em uma despesa imensa que é uma perda pura. Esta tradição da residência cara é criada, privando uma grande parte da população de uma casa saudável.
2. Através da educação nas escolas, um feixe de verdades elementares poderia formar a base da educação doméstica (por exemplo: a economia geral da habitação, os princípios da propriedade e seu significado moral, os efeitos da luz solar, os males da escuridão e da escuridão, os princípios da higiene, a racionalização da economia doméstica, o uso do mobiliário, o emprego da mecânica na vida doméstica, etc).
3. Tal educação teria o efeito de formar gerações com uma concepção saudável e racional da casa. Essas gerações (futuros clientes do arquiteto) seriam capazes de dizer corretamente o problema da casa.

IV. A arquitetura e sua relação com o Estado
1. Os arquitetos modernos, que têm a firme intenção de trabalhar de acordo com novos princípios, só podem considerar as academias oficiais e seus métodos estéticos e formalistas como instituições que impedem o progresso.
2. Essas academias são, por definição e por função, os conservadores do passado. Eles estabeleceram dogmas da arquitetura baseados nos métodos práticos e estéticos dos períodos históricos. As academias viciam a própria vocação do arquiteto na origem. O ponto de vista é falso e as consequências são falsas.
3. Os Estados devem, portanto, garantir a prosperidade do país, tirando o ensino da arquitetura das garras das academias. O passado nos ensina precisamente que nada é permanente, que tudo evolui e que o progresso avança constantemente.
4. Os Estados, renunciando agora a confiar nas academias, devem revisar os métodos de ensino da arquitetura e se preocupar com esta questão, pois estão preocupados com todos aqueles cujo propósito é fornecer ao país as organizações mais produtivas e avançadas.
5. O academismo leva os Estados a gastar consideráveis quantias de dinheiro na construção de edifícios monumentais, contrários à utilização eficiente de recursos, exibindo um luxo fora de moda em detrimento das tarefas mais urgentes do planejamento urbano e habitacional.
6. Na mesma linha, todas as prescrições do Estado que, de alguma forma, tendem a influenciar a arquitetura dando-lhe uma orientação puramente estética são um obstáculo ao seu desenvolvimento e devem ser vigorosamente combatidas.
7. A nova atitude do arquiteto, pela qual ele deseja ressituar-se na realidade econômica, torna supérfluas todas as pretensões ao patronato oficial.
8. Se os Estados assumissem o contrário de sua atitude atual, provocariam um verdadeiro renascimento arquitetônico que seria naturalmente integrado à orientação geral do desenvolvimento econômico e social do país.

28 de junho de 1928.

A declaração foi assinada pelos seguintes arquitetos:
Hendrik Petrus Berlage (Haia); Victor Bourgeois (Bruxelas); Pierre Chareau (Paris); Josef Frank (Viena); Gabriel Guévrékian (Paris); Max Ernst Haefeli (Zurique); Hugo Häring (Berlim); Arnold Hoechel (Genebra); Huib Hoste (Bruges); Pierre Jeanneret (Paris); Le Corbusier (Paris); André Lurçat (Paris); Sven Markelius (Estocolmo); Ernst May (Frankfurt); Garcia Mercadal (Madrid); Hannes Meyer (Dessau); Werner Max Moser (Zurique); Carlo Enrico Rava (Milão); Gerrit Rieveld (Utreque); Alberto Sartoris (Turim); Hans Schmidt (Basileia); Mart Stam (Roterdã); Rudolf Steiger (Zurique); Szymon Syrkus (Varsóvia); Henri-Robert von der Mühll (Lausana); Juan de Zavala (Madrid).

26 junho 2018

EGRESSA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO PREMIADA INTERNACIONALMENTE DÁ ENTREVISTA EXCLUSIVA PARA O BLOG

A egressa do curso de Arquitetura e Urbanismo da ULBRA Torres, Arquiteta e Urbanista Tainara Sparremberger Justo recebeu, recentemente, um importante prêmio internacional relacionado ao seu Trabalho de Conclusão de Curso, realizado nesta instituição. A World Architecture  Community reconheceu o trabalho de Tainara, na categoria estudante, como um dos melhores do mundo. Seu trabalho apareceu no site, ao lado de grandes escritórios, como o de Zaha Hadid. O escritório onde Tainara trabalha, a Lithos Arquitetura, formada por egressos da ULBRA Torres, também foi premiado, na mesma edição. Tainara, por conta disto, foi convidada a conversar com nosso blog. Confira a entrevista:

Tainara em seu painel final, no curso de Arquitetura e Urbanismo da ULBRA Torres

BLOG – Tainara, parabéns pelo prêmio que recebeste. Os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Ulbra Torres ficaram muito felizes com o reconhecimento do teu trabalho. Explique, por favor, o que foi o teu projeto de TC2.
Tainara – Obrigada. Meu trabalho de conclusão de curso tratou-se de um Centro de Cultura e Assistência Social para Crianças e Adolescentes, na cidade de Torres. Que abrigava um espaço destinado a realização de atividades socioeducativas, promovendo a interação entre família, comunidade, sociedade e poder público. A proposta arquitetônica foi orientada pelo Prof. Arq. Me. Marcos Bueno, recebendo a contribuição de toda a equipe de professores, durante as bancas. A ideia de proporcionar um grande ganho para a comunidade através da arquitetura, e também o fato de o tema permitir uma certa liberdade na composição, foram fatores motivadores na concepção da proposta.

O certificado do prêmio, da World Architecture Community

BLOG – Explique um pouco sobre o prêmio que recebeste.
TAINARA – O trabalho foi um dos cinco projetos premiados na categoria estudantil do World Architecture Community (Comunidade Mundial de Arquitetura), onde participam projetos de 35 países. Os projetos vencedores são selecionados pelos membros da comunidade. O material de apresentação é livre e entregue em formato digital, os textos tiveram de ser traduzidos para o inglês. Além da categoria estudantil, existe ainda a categoria arquiteto, onde participam diversos renomados escritórios, como o escritório Zaha Hadid, por exemplo.

Perspectiva do Trabalho Final de Conclusão de Curso de Tainara Justo

BLOG – Dirias que a formação que tiveste na Ulbra Torres foi decisiva no sucesso do teu Trabalho de Conclusão?
TAINARA – O resultado do trabalho é a soma da contribuição de todos os envolvidos, das discussões com os colegas e professores, sobre as técnicas e soluções empregadas, principalmente pela resiliência em propor diversos estudos, analisando as melhores soluções, com o apoio da excelente orientação e motivação direcionada pelo meu orientador, Prof. Marcos Bueno.

Vista aérea do Trabalho Final de Conclusão de Curso de Tainara Justo

BLOG – Hoje, contratada em um grande escritório de arquitetura de Torres, dirias que a formação no curso de Arquitetura e Urbanismo da Ulbra Torres foi um diferencial para conseguir sucesso na carreira?
TAINARA – A oportunidade recebida no escritório Lithos Arquitetura tem muito a ver com a confiança que a equipe tem na universidade, e foi uma boa oportunidade de observar na prática, o que me foi passado dentro da sala de aula.

A equipe da Lithos Arquitetura, onde Tainara foi contratada

BLOG – Temos visto diversas manifestações das principais instituições representantes dos Arquitetos e Urbanistas contra qualquer tipo de curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo em formato EAD (Ensino à Distância). Baseado na tua recente formação, qual a tua opinião sobre isto?
TAINARA – Penso que a arquitetura exige muito além de técnica construtiva, soluções eficientes e materiais adequados. É preciso desenvolver muita sensibilidade a respeito, não só da solução formal adequada, ou da funcionalidade de um espaço, é preciso entender que a arquitetura é feita para as pessoas, para suas necessidades e para a melhor forma de atendê-las. E a melhor forma de adquirir essa percepção é através do contato, na troca de experiências, nas discussões entre colegas e professores. Na minha opinião, não existe uma forma de fazer uma boa arquitetura que não envolva discussão, e isso não é possível através da tela de um computador.

Perspectiva do Trabalho Final de Conclusão de Curso de Tainara Justo

BLOG – Tens alguma dica para os alunos da Ulbra Torres que estão seguindo o curso de Arquitetura e Urbanismo?
TAINARA – Apaixonem-se verdadeiramente pela arquitetura, busquem sempre absorver tudo de bom que a universidade tem para oferecer, sejam insistentes, existe um longo caminho entre o bom e a excelência, e, principalmente, confiem na sua capacidade de propor uma boa ideia.

Perspectiva do Trabalho Final de Conclusão de Curso de Tainara Justo


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12 junho 2018

TURMA DE GESTÃO TECNOLÓGICA I VISITA O ESCRITÓRIO STEMMER RODRIGUES EM PORTO ALEGRE

No dia 24 de maio, os alunos da disciplina de Gestão Tecnológica I do curso de Arquitetura e Urbanismo da Ulbra Torres, ministrada pelo Prof. Enilton Braga, foram acolhidos pelo presidente da AsBEA-RS, arquiteto Paulo Henrique Rodrigues, em uma conversa franca em seu escritório, Stemmer e Rodrigues. Acompanhados de um agradável chá com bolo numa tranquila tarde, aos estudantes foram apresentados diversos projetos do escritório, além de sua história completa, seu funcionamento e uma visita às suas instalações.
Arq. Paulo Henrique Rodrigues - Fonte: http://asbea-rs.org.br
Paulo frisou a importância da competência dos profissionais na hora de captar mais clientes, garantindo que a propaganda boca-a-boca é uma importante estratégia de marketing. Outros tópicos foram abordados, como estratégias bioenergéticas, linguagem e composição em arquitetura, o mercado imobiliário atual e estratégias de gerenciamento da cartela de clientes e honorários. O arquiteto Paulo também mencionou as muitas possibilidades de carreiras dos profissionais formados em Arquitetura e Urbanismo e comentou sobre a importância da autenticidade dos softwares utilizados em um escritório renomado.

Os alunos puderam tirar dúvidas relacionadas às práticas profissionais e aos desafios que enfrentarão ao se inserirem no mercado de trabalho, além de conhecer todos os ambientes do escritório, situado em Porto Alegre. Ao final da visita, um registro fotográfico com o arquiteto Paulo e sua esposa, a também arquiteta e sócia do escritório Ingrid Stemmer, coroaram o encontro.


A Coordenação do curso agradece a disponibilidade de toda a equipe da Stemmer e Rodrigues e aproveita para parabenizar o sólido e consistente trabalho realizado por anos, expresso em diversas premiações e menções, e agradece, principalmente, o arquiteto Paulo Rodrigues pela excelente aula dada aos nossos alunos. O curso aproveita a oportunidade e convida o escritório a vir à ULBRA Torres ministrar palestra para todos os alunos do curso.

A visita ao escritório revitaliza o compromisso do curso de Arquitetura e Urbanismo na qualificação para o mercado de nossos egressos, o que resulta na verificada alta empregabilidade dos profissionais aqui formados. É no entrosamento entre mercado e a universidade, através de atividades como essa, que a Arquitetura e Urbanismo no Litoral Norte Gaúcho vai alimentando-se de boas referências e de boas práticas profissionais, qualificando o mercado como um todo.

Quem desejar saber mais sobre o escritório, visite http://stemmerrodrigues.com.br e https://www.archdaily.com.br/br/office/stemmer-rodrigues-arquitetura. Para saber mais sobre a AsBEA-RS, http://asbea-rs.org.br. Siga a página no Facebook do curso www.facebook.com/arquiteturaulbratorres e o Instagram www.instagram.com/arquiteturaulbratorres.